quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Malacandra - Um mundo que não havia sofrido a queda

Essa semana é lembrada a semana em que CS Lewis tanto nasceu [29/11] quanto a semana em que ele "livrou-se do corpo desta morte" [22/11]. Particularmente, acho desnecessário "comemorar os 50 anos sem alguém" (qualquer que seja). Não por falta de admiração ou lembrança afetuosa, mas porque às vezes isso soar uma "mini idolatria" dissimulada. Mas como já fazia tempo que não escrevia [tanta saudade de escrever!], resolvi aproveitar esta data como excusa para libertar-me deste desejo por tantas vezes prorrogado.

Romancista de primeira linha, Lewis faz uso de seu maravilhoso dom para publicar uma obra não tão famosa quanto As Crônicas de Nárnia, mas de igual ou superior teor apologético. A Trilogia Cósmica: Além do Planeta Silencioso, Perelandra, Uma força medonha. Quer sair da sua zona de conforto? Leia.

A tônica é a seguinte, através de uma nave, 03 humanos conseguem chegar a um outro planeta. Um deles estava nessa aventura contra a vontade, havia sido raptado pelos outros dois humanos. Ao chegar no planeta, este humano se depara com raças inteligentes [até ai tudo igual a uma centena de livros sobre ficção científica] O que o diferencia? Tal mundo não havia sofrido a queda, não existiu o pecado original. E aí? como seria o encontro de um ser torto, decaído, corrompido com seres totalmente interligados com Maledil?  Ficou curioso? Leia, vale a pena demais! 
Só um coisa precisará ser respondida no final: verdade ou ficção? 

Segue abaixo um trecho do capítulo 12 do primeiro livro da trilogia cósmica, Além do Planeta Silencioso, livro que estou terminando [e amando] de ler:


Na imagem, Ranson e Hyuai [Hross]

"- Ora, jantar, janta-se todos os dias. Esse amor, pelo que você diz, acontece somente uma vez na vida do hross?
- Mas ocupa sua vida inteira. Quando jovem, ele precisa procurar a parceira. Depois, precisa cortejá-la. Em seguida, gera filhotes e os cria. Por fim, lembra-se de tudo isso, reduz à sua essência e transforma em poemas e sabedoria.
- Mas ele precisa se contentar com o prazer que está somente em sua lembrança?
- Isso é o mesmo que dizer: "Minha comida, eu preciso contentar-me só em comer."
- Não estou entendendo.
- Um prazer atinge sua plenitude somente quando é relembrado. Hhõmem, você está falando como se o prazer fosse uma coisa, e a lembrança, outra. Tudo é uma coisa só. Os séroni poderiam explicar  melhor isso do que eu. Mas não melhor do que eu poderia dizer num poema. O que você chama de lembrança é a última parte do prazer, como o crah é a última parte do poema. Quando você e eu nos conhecemos, o encontro terminou bem rápido: não foi nada. Agora, ele está crescendo à medida que nos lembramos dele. Mesmo assim, sabemos muito pouco a respeito dele. O que ele vier a ser quando eu me lembrar dele na hora de minha morte, o que ele operar em mim em todos os meus dias até aquela hora... esse é o verdadeiro encontro. O outro é só o início. Você diz que há poetas no seu mundo. Eles não lhes ensinam isso?
[...] Por fim, começou a lhe ocorrer que não eram eles, os hrossa, que eram um enigma, mas sua própria espécie. Que os hrossa tivessem esse tipo de instinto era ligeiramente surpreendente; mas como era possível que os instintos dos hrossa se assemelhassem tanto aos ideais não atingidos daquela espécie tão remota, o Homem, cujos instintos eram diferentes em termos tão deploráveis? Qual era a história do homem? Mas Hyoi voltou a falar:
- Não resta dúvida que Maleldil nos fez assim. Como seria possível haver alimento suficiente se cada um tivesse vinte filhotes? E como poderíamos suportar viver e deixar o tempo passar se estivéssemos sempre chorando pela volta de um dia ou de um ano, se não soubéssemos que cada dia numa vida preenche a vida inteira com expectativas e lembranças, as quais, na verdade, são aquele dia?"

"Porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus; Nem também para a si mesmo se oferecer muitas vezes, como o sumo sacerdote cada ano entra no santuário com sangue alheio; De outra maneira, necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo. Mas agora na consumação dos séculos uma vez se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo. E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo, Assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação."
Hebreus 9:24-28 

Não dá pra imaginar a dimensão de como seria belo um mundo sem pecado, mas dá para ainda que com minhas grandes limitações, desejar ardentemente Àquele que nos livrará deste corpo para habitar com o Senhor

No Amor dEle.

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